Setembro Sem Carne: como dar os primeiros passos
Como contribuição para a preservação da Amazônia, vamos tirar a carne e outros produtos de origem animal dos nossos pratos durante todo mês de setembro! Vem junto? A gente ajuda
> De acordo com relatórios da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), até 50% das terras (não cobertas por gelo) do planeta ou são utilizadas ou já foram degradadas pela pecuária, e cerca de metade da produção mundial de grãos é destinada à pecuária. Para a produção de 1 kg de carne, são necessários pelo menos 7 kg de ração.
> A UNESCO afirma que “o setor da pecuária é um dos dois ou três contribuintes mais significantes dos problemas ambientais mais sérios compreendendo todas as escalas, do local ao global”.
> O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) detectou aumento de 88% no desmatamento da Amazônia comparando junho de 2019 a junho de 2018. Segundo o instituto, a área desmatada atingiu 920 km2 de floresta nesse mês.
A criação de animais para abate é hoje uma das principais responsáveis pelo aquecimento global, visto que exige grandes quantidades de terra – abertas por meio do desmatamento de florestas – tanto para criação de animais quanto para a produção de grãos para alimentá-los. São dados severos, mas representam uma realidade que já pode ser vista bem diante dos nossos olhos.
No meio desse cenário, a Animal Equality acredita que o primeiro passo para a mudança é a informação. Por isso, selecionamos conteúdos nas mais diferentes mídias, feitos por pessoas em diferentes contextos, para que você possa se informar mais e considerar a possibilidade de caminhar rumo a um estilo de vida mais compassivo em relação aos animais, às nossas florestas e ao nosso planeta. Vem com a gente!
FILMES E DOCUMENTÁRIOS
Porta de entrada para muitas pessoas para uma reflexão sobre o próprio consumo, os filmes alcançam esse impacto por usarem o poder do audiovisual para mostrar a realidade da indústria da carne e de outros produtos de origem animal. Confira alguns exemplos:
A Carne É Fraca
Brasil / 2005 / 54 min / Documentário
Direção: Denise Gonçalves
Roteiro : Nina Rosa Jacob
Documentário produzido pelo Instituto Nina Rosa sobre os impactos que o ato de comer carne representa para a saúde humana, para os animais e para o meio-ambiente.
>> Assista ao trailer.
Cowspiracy
Estados Unidos / 2014 / 91 min / Documentário
Direção e roteiro: Kip Andersen e Keegan Kuhn
A pecuária pode ser considerada uma das indústrias mais destrutivas do planeta. Ela é responsável pela emissão de mais gases que causam o efeito estufa do que a indústria de transportes e gera intensa destruição dos recursos naturais do solo. O documentário mostra a descoberta das verdades sobre a pecuária e o medo das organizações ambientais em falar sobre o assunto.
>> Assista ao trailer.
OKJA
Coreia do Sul e Estados Unidos / 2017 / 120 min / Aventura
Direção: Bong Joon-ho
Roteiro : Bong Joon-ho e Jon Ronson
Nova York, 2007. Lucy Mirando (Tilda Swinton), a CEO de uma poderosa empresa, apresenta ao mundo que uma nova espécie animal foi descoberta no Chile. Apelidada de “super porco”, ela é cuidada em laboratório e tem 26 animais enviados para países distintos, de forma que cada fazenda que o receba possa apresentá-lo à sua própria cultura local. A ideia é que os animais permaneçam espalhados ao redor do planeta por 10 anos, sendo que, após esse período, participarão de um concurso que escolherá o melhor super porco. Uma década depois, a jovem Mija (Seo-Hyun Ahn) convive desde a infância com Okja, o super porco fêmea criado pelo avô. Prestes a perdê-la devido à proximidade do concurso, Mija decide lutar para ficar ao lado dela, custe o que custar.
>> O filme é uma produção da Netflix e pode ser visto aqui..
Sob a Pata do Boi
Brasil / 2018 / 49 min / Documentário
Direção: Marcio Isensee e Sá
Roteiro: Juliana Tinoco
A Amazônia tem hoje 85 milhões de cabeças de gado, três para cada habitante humano. Na década de 1970, o rebanho era um décimo desse tamanho, e a floresta estava quase intacta. Desde então, uma porção equivalente ao tamanho da França desapareceu, da qual 66% virou pastagem. A mudança foi incentivada pelo governo, que motivou a chegada de milhares de fazendeiros de outras partes do país. A pecuária tornou-se bandeira econômica e cultural da Amazônia, elegendo poderosos políticos para defender a atividade. Em 2009, o jogo começou a virar quando o Ministério Público obrigou os grandes frigoríficos da região a se tornar responsáveis por monitorar as fazendas fornecedoras de gado e não comprar daquelas que têm desmatamento ilegal.
“Sob a pata do boi” é um documentário que faz parte de um projeto de jornalismo investigativo que já dura dois anos e cujas reportagens podem ser lidas em sobapatadoboi.com.
>> Assista ao trailer.
Terráqueos (Earthlings)
Estados Unidos / 2005 / 95 min / Documentário
Direção e roteiro: Shaun Monson
Narrado por Joaquin Phoenix, o documentário relata a dependência e a exploração cruel e desrespeitosa da humanidade com relação aos animais, tanto para companhia (pet-shops, fábricas de filhotes e abrigos), alimentação (criação e abate), vestimenta (comércio de peles e couros), entretenimento (circos, rodeios, touradas) e pesquisa científica (experimentos científicos, testes de cosméticos).
>> O filme completo (legendado) pode ser visto aqui.
Quer assistir mais? Alguns desses e outros títulos foram citados em outra matéria da Animal Equality, disponível no Medium.
YOUTUBE
Ainda no audiovisual, os canais no YouTube vêm se popularizando e tendo um número cada vez maior de seguidores, e não poderia ser diferente. Na era da internet e acessibilidade digital, eles são a maneira mais rápida de compartilhar dicas e passo a passo de receitas e outros tipos de conteúdo para uma alimentação e um estilo de vida livres de qualquer crueldade:
O programa do vocalista da Banda Ratos de Porão e ex-apresentador da MTV, João Gordo, convida personalidades brasileiras das mais variadas áreas para uma conversa enquanto preparam e experimentam algum prato livre de produtos de origem animal. Já passaram pelo programa convidadas como Fernanda Young, Mano Brown e Fernando Haddad.
O canal de Paula Lumi é um dos maiores quando se trata de receitas livres de produtos de origem animal, e não é por menos: criando conteúdo desde 2011, a designer mostra de maneira simples e esteticamente atraente receitas saborosas e fáceis de preparar, por meio de vídeos curtos e posts em seu blog. Vale a pena conhecer e testar!
Flávia Zardo e Maria Antônia Anicetto compartilham experiências na cozinha, para facilitar e explorar o universo vegano. Para elas, cozinhar é muito mais do que fazer comida, mas sim alinhar corpo e alma, e elas dividem todo esse amor no canal, que tem clima de sábado à tarde em casa.
Perfis com diferentes recortes e propostas para seguir no Instagram. Tem de tudo: receitas dos mais variados tipos, dicas de lugares para comer, ingredientes de estilo de vida e mais informações sobre o que estamos consumindo, em todas as áreas.
Chubby Vegan (@chubbyvegan)
Especialista em doces, a cozinheira Nathalia Soares é uma das pioneiras quando se trata de alimentação sem produtos de origem animal na internet. Seu blog, o Chubby Vegan, completa 10 anos em 2019, e hoje ela compartilha receitas, criações e processos, além de ter um cardápio delicioso à venda por encomenda e também dar cursos de doces veganos. As fotos são simplesmente irresistíveis!
Cristiana Maymone (@crismaymone_nutri)
Professora e nutricionista mestre em Saúde Pública, Cris atua no seu consultório fazendo acompanhamento para a transição para o veganismo/vegetarianismo, dá aulas de culinária e vende sua “comidinhas de esquerda” pela sua empresa Sem Conservadores. Em seu perfil, Cris dá diversas dicas de compra, armazenamento e preparo de alimentos, mostrando que uma alimentação à base de plantas pode se encaixar no cotidiano.
Comida Saudável Para Todos (@comidasaudavelparatodos)
O perfil de Juliana Gomes, criadora, do blog Comida Saudável Para Todos, está repleto de receitas, dicas de adaptação de ingredientes e informações sobre os produtos que encontramos nas prateleiras por aí. Com foco no impacto que o consumo de alimentos ultraprocessados pode causar no corpo e no meio-ambiente, um dos destaques do perfil é o Jornal do Veneno, que trata sobre agrotóxicos.
Nátaly Neri (@natalyneri)
Criadora do canal Afros e Afins no Youtube, onde compartilha informações sobre processos de autonomia, sociedade, individualidade e estilo de vida, Nátaly se tornou vegana e sempre dá boas dicas no seu perfil, que vão além da alimentação. Como ela mesma diz, seus conteúdos tratam de raça, gênero, sociedade, sustentabilidade, slow living, amores, beleza e tudo o que uma jovem interessada em melhorar sua vida e a realidade ao seu redor poderia se interessar.
Ruan Félix (@ruan.felixs)
Ruan tem 26 anos e é morador do subúrbio do Rio de Janeiro. Cozinheiro especializado em alimentação à base de plantas, ele faz questão de ressaltar a importância de cozinhar como uma forma de ter autonomia alimentar. Em seu perfil no Instagram, compartilha receitas e reflexões sobre um veganismo mais acessível e genuinamente brasileiro, feito com ingredientes do cotidiano.
Thalita Flor (@thallitaxavier)
A atriz, palhaça e chef de cozinha do Banana Buffet, Thallita Flor, compartilha no blog Meu Corpo Negro seus estudos de ancestralidade, luta pelo povo preto e combate ao especismo. Moradora da cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, ela usa a rede social para mostrar um lado mais pessoal, com um estilo de vida compassivo inserido dentro do dia a dia de uma ativista por causa animal que não seja totalmente branca e ocidental.
Vegano Periférico (@veganoperiferico)
“Acreditamos em uma causa acessível para todos. Não importa onde você mora, importa como você pensa”, já sinaliza a bio desse perfil, que fala de forma clara, lúcida e acessível sobre a realidade do movimento por um estilo de vida livre de produtos de origem animal dentro do contexto das periferias. A mensagem dos irmãos Leonardo e Eduardo Santos é simples, direta e sem glamourização. E não poderia ser mais verdadeira.
PODCASTS
Em uma das mídias que mais se popularizou nos últimos tempos, não poderia faltar conteúdos sobre alimentação sem carne. No início deste mês de setembro, o Mamilos, um dos maiores podcasts do país, que trata de temas “polêmicos” da atualidade com o objetivo de construir pontes e debater diferentes pontos de vista, trouxe o vegetarianismo como tema da semana. O estilo de vida livre de sofrimento animal também é tema principal do Outras Mamas, um podcast que existe desde 2018 e que sempre trata de assuntos relacionando veganismo e feminismo. Confere só:
Mamilos 212: Vegetarianismo
Para construir a ponte entre quem não consegue considerar a hipótese de abrir mão do seu bife e quem é ativista da causa animal, o programa escolhe abordar o tema através do relato de três pessoas que fizeram a escolha pelo vegetarianismo a partir de diferentes perspectivas e por motivos diversos. E para costurar essas histórias, as apresentadoras Cris Bartis e Ju Wallauer convidaram um xodó da audiência para quebrar o gelo. Na mesa, contam com a presença de Eduardo Jorge, médico sanitarista, ex-deputado estadual, federal e ex-Secretário da Saúde e do Meio Ambiente de São Paulo.
>> Ouça aqui.
Outras Mamas Podcast
E o que é o Outras Mamas? É um podcast para conversar sobre feminismo e veganismo, criado a partir da discussão sobre a filosofia do livro “A Política Sexual da Carne”, de Carol. J. Adams. Criado e coordenado por Bárbara Miranda e Thais Goldkorn, o programa traz um episódio por semana, abordando capítulos do livro e mais alguns assuntos aleatórios no meio do caminho. E não, não é apenas para mulheres, veganas e feministas. O Outras Mamas faz um convite a todas as pessoas que têm empatia e compaixão dentro de si e que acreditam que ainda é possível fazer muito mais para tornar o mundo um lugar mais igualitário e com menos violência.
>> Ouça aqui.
GRUPOS
Se interessou mais pelo assunto e gostaria de tirar dúvidas e trocar experiências em tempo real, de forma mais interativa? Não se preocupe! No Facebook, o grupo VEGetariANOS Iniciantes Brasil tem mais de 62 mil participantes e nasceu, como o nome diz, com o objetivo de auxiliar quem está na transição para o vegetarianismo, por meio da troca de informações, dicas e receitas. O Veganos Pobres Brasil traz mais um recorte de classe e contém apenas receitas feitas e aprovadas pelos participantes, com ingredientes fáceis de encontrar em qualquer lugar, para desmistificar que veganismo é um estilo de vida caro.
Ainda mais popular, com 175 mil pessoas, o Ogros Veganos é para quem gosta de comer bem e vem para desassociar a alimentação livre de produtos de origem animal de algo sem graça ou pouco saboroso. Se, segundo a descrição oficial do grupo, as pessoas se espantam com o tamanho do seu prato, então seu lugar é lá mesmo!
Mais interativo e instantâneo ainda é o grupo de Whatsapp do GrajaVeg. Voltado especialmente a moradores das regiões periféricas da Zona Sul de São Paulo, o grupo é livre e abre espaço para o diálogo sobre os mais diversos assuntos relacionados ao veganismo, de troca de receitas a dicas de locais para comer, sempre em prol de um movimento mais acessível e que dialogue com o máximo de pessoas possível, de maneira simples e convidativa.
E nós convidamos vocês! Conhece mais algum filme, perfil, canal ou qualquer outro conteúdo que te ajudou e deve ajudar outras pessoas a se informar melhor para considerar uma alimentação mais compassiva? Compartilhe com a gente e contribua para o #SetembroSemCarne
Guilherme Petro
Formado em Gastronomia pelo Mackenzie, já passou por diversas áreas dentro e fora dos restaurantes. Foi cozinheiro, garçom e fez gestão até de cozinhas universitárias. É gastrólogo, sommelier, bartender, assessor e fotógrafo de restaurantes, além de técnico em informática e de fazer ponto cruz, entre muitas coisas mais. Ele foi um dos jovens formado em Jornalismo pelo projeto Énois, e é co-autor e hoje coordenador do Prato Firmeza — Guia Gastronômico das Quebradas.