Gripe aviária no Brasil: milhões de galinhas podem ser mortas


O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou na manhã desta sexta-feira (16) o primeiro foco de gripe aviária de alta patogenicidade (IAAP) detectado em uma granja comercial do Brasil. O caso foi identificado em uma granja no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul, marcando um alarmante estágio da propagação da doença no país. Anteriormente, o vírus havia sido detectado apenas em aves silvestres.
Com a confirmação, a área foi isolada e todas as aves da granja serão sacrificadas como forma de conter a disseminação do vírus para outras granjas da região. Esse tipo de resposta — matar milhares de animais — tem sido comum em diversos países. Nos Estados Unidos, por exemplo, a Organização Mundial da Saúde aponta que desde do início do surto em março de 2022 até janeiro de 2025, mais de 136 milhões de aves foram impactadas pela doença. Na Europa em 2021, primeiro ano em que os surtos ocorreram, mais de 50 milhões de aves foram sacrificadas.
O que é a gripe aviária?
A gripe aviária é uma doença viral altamente contagiosa que afeta principalmente aves, mas também pode infectar mamíferos e humanos. Em granjas, ela causa alta mortalidade, levando ao sacrifício em massa de aves para conter a disseminação da doença. Para animais silvestres, especialmente aves migratórias, o vírus é uma ameaça à biodiversidade. Em humanos, embora rara, a infecção pode ser grave, com alto risco de mortalidade, e preocupa pela possível mutação para uma forma mais transmissível entre pessoas, tendo potencial para se tornar uma pandemia, como ocorreu com a Covid.
Como milhares de aves são sacrificadas ao mesmo tempo?
A gripe aviária tem consequências devastadoras para os animais, especialmente para as aves criadas na indústria. Quando há surtos da doença, a resposta mais comum é o sacrifício em massa de milhares ou até milhões de aves, muitas vezes por métodos cruéis e dolorosos. Entre eles, estão práticas como o uso de espuma de sufocamento ou o fechamento de ventilação nos galpões, que causam sofrimento intenso até a morte por asfixia ou calor extremo. Essas medidas refletem uma lógica industrial que trata os animais como números, ignorando completamente seu bem-estar. Além do sofrimento causado pela doença em si, esses métodos de contenção de doenças agravam ainda mais a crueldade enfrentada pelas aves, que já vivem em condições extremamente precárias.
Como as galinhas são criadas no Brasil
De acordo com dados do Ministério da Agricultura e Pecuária, cerca de 95% das galinhas vivem em sistemas de gaiolas. Essas estruturas são projetadas para concentrar o maior número de animais no menor espaço possível. Dentro das gaiolas, as galinhas não conseguem abrir as asas, caminhar ou expressar comportamentos naturais. Essas condições geram sofrimento extremo, estresse crônico, doenças físicas — e um terreno fértil para a disseminação de vírus altamente contagiosos, como a gripe aviária.
Além disso, a limpeza e a desinfecção das granjas com gaiolas ocorrem com pouca frequência, geralmente apenas quando as galinhas completam seu “ciclo produtivo” e são enviadas ao abate. Isso favorece ainda mais a persistência e o alastramento de agentes infecciosos.
Já os frangos, explorados para consumo de carne, vivem em sistemas onde milhares de aves são mantidas em galpões fechados, onde eles mal conseguem se mover. Nesse ambiente superlotado, os frangos não têm acesso a estímulos naturais, como luz solar, poleiros ou espaços para ciscar. Além disso, o chão dos galpões é coberto por uma cama de material orgânico que, com o acúmulo de fezes e urina, torna-se úmida e suja, provocando feridas e queimaduras no peito e nas patas dos animais. Para piorar, esses frangos são fruto de uma modificação genética que faz com que cresçam de forma extremamente rápida, o que sobrecarrega seus órgãos e ossos, resultando em alta mortalidade e muito sofrimento ao longo de suas curtas vidas.
Gripe aviária em humanos
A gripe aviária também representa uma grave ameaça à saúde humana. Embora a transmissão para pessoas ainda seja considerada rara, os casos registrados em humanos ao longo dos anos apresentaram taxas de mortalidade extremamente altas, chegando a mais de 50% em algumas variantes do vírus. Desde que surgiram os primeiros surtos, já foram confirmados centenas de casos humanos em diversos países, incluindo mortes em países da Ásia, África, Europa e mais recentemente nas Américas. Muitos desses casos ocorreram após contato direto com aves infectadas. A alta letalidade do vírus em humanos preocupa especialistas, que alertam para o risco de mutações que possam facilitar a transmissão entre pessoas, o que poderia desencadear uma nova pandemia com impactos devastadores.
Explorar milhares de animais em ambientes superlotados, insalubres e com altos níveis de estresse é uma bomba-relógio para o surgimento de novas doenças. A forma como aves e outros animais são criados na indústria — sem ventilação adequada, em contato constante com fezes e em condições que favorecem a propagação de vírus — cria o cenário ideal para o surgimento e a mutação de patógenos com potencial zoonótico, ou seja, capazes de infectar seres humanos. No fim, o próprio ser humano acaba pagando o preço, seja com surtos localizados, crises sanitárias globais ou novas pandemias. Optar por alimentos veganos é uma maneira eficaz e consciente de quebrar esse ciclo de sofrimento animal e risco à saúde pública, contribuindo para um sistema alimentar mais seguro, ético e sustentável.
PROTEJA AS GALINHAS E OS FRANGOS
Para a indústria, galinhas e frangos são tratados como recursos descartáveis — seja para a produção de ovos, para a carne ou como “resíduo sanitário” em surtos de doenças. Eles são privados de qualquer liberdade, maltratados durante toda a vida e mortos quando já não servem aos interesses comerciais.
Você pode mudar isso.
Escolher uma alimentação baseada em vegetais é a forma mais imediata e poderosa de acabar com a exploração e o sofrimento desses animais.
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