Tecnologia inédita chega ao Brasil e promete eliminar a trituração de pintinhos vivos que ocorre na indústria de ovos


Sexagem in ovo identifica o sexo do embrião antes do nascimento e elimina prática cruel da indústria de ovos
Todos os anos, cerca de 84 milhões de pintinhos machos são descartados vivos no Brasil por meio da prática da trituração sem insensibilização dos animais. Isso ocorre porque os machos não produzem ovos e também não são considerados economicamente viáveis para a indústria de frangos, já que não possuem o desempenho e as características desejadas para a produção de carne. Dessa forma, os incubatórios vendem apenas as fêmeas para as granjas, descartando os machos, cujos resíduos são destinados à produção de fertilizantes ou a aterros sanitários.
Pela primeira vez no Brasil, uma tecnologia inovadora promete acabar com essa prática cruel no país. A sexagem in ovo permite identificar o sexo do pintinho ainda dentro do ovo. Essa identificação precoce possibilita interromper o processo de incubação dos ovos de embriões machos.
A Raiar Orgânicos, maior produtora brasileira de ovos orgânicos, é a primeira empresa do país a adotar a tecnologia Cheggy no Brasil. A tecnologia alemã Cheggy, inédita no Hemisfério Sul, funciona como um scanner de ovos. No 13º dia de incubação, um feixe de luz é projetado sobre cada ovo, permitindo identificar o sexo do embrião com base na coloração da penugem: tons claros indicam machos e tons escuros, fêmeas. O processo leva cerca de cinco segundos por ovo e possibilita que os embriões machos tenham seu desenvolvimento interrompido antes do nascimento, eliminando a necessidade de trituração de pintinhos vivos.
O uso dessa tecnologia representa um avanço para a causa animal. A organização tem como missão defender os animais explorados para alimentação humana e desde 2022 negocia com empresas para que assumam o compromisso de eliminar o descarte de pintinhos machos de sua cadeia de fornecimento, assim que a tecnologia estiver comercialmente disponível e for economicamente viável no Brasil.
“Estamos muito otimistas com essa tecnologia que chega ao Brasil. Ela representa um avanço concreto para a causa animal: milhões de pintinhos machos deixarão de nascer e de ser mortos de forma cruel. Esse é um passo fundamental para reduzir o sofrimento animal na indústria de ovos”, destaca Júlia Almeida, Gerente de Relações Corporativas da Animal Equality Brasil.
Embora a tecnologia já esteja disponível no Brasil, a Animal Equality alerta que é fundamental que o país avance também na legislação. O Projeto de Lei 783/2024, de autoria da deputada federal Professora Luciene Cavalcante (PSOL), propõe a proibição definitiva da trituração de pintinhos machos no país e incentiva a adoção de alternativas como a sexagem in ovo. O texto já foi aprovado na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e precisa ser aprovado por mais duas comissões para seguir adiante e ser sancionado pelo presidente Lula.
“A chegada da tecnologia de sexagem in ovo ao Brasil é um marco histórico para a proteção animal, mas ainda não é suficiente. Precisamos que o Congresso Nacional coloque um fim, por lei, a essa prática cruel que mata milhões de animais todos os anos”, afirma Carla Lettieri, diretora executiva da Animal Equality no Brasil.
A Animal Equality conduz uma campanha nacional para pressionar o avanço do projeto de lei e já reúne mais de 208 mil assinaturas em sua petição. Para apoiar a iniciativa e assinar, clique aqui.
Assine agora para acabar com a trituração de pintos vivos!

POUPE AS FAMÍLIAS
Um pintinho reconhece a voz e traços de sua mãe logo após nascer. Você pode defender estes laços familiares quando opta por substituir ovos por alternativas à base de plantas.