Nova investigação da Animal Equality no Brasil mostra maus-tratos em fazenda de porcos
Imagens captadas pelos nossos investigadores mostram animais criados para consumo humano sendo tratados de forma cruel em fazendas industriais no Brasil
O vídeo, narrado por Ellen Jabour, mostra porcos sendo agredidos com bastões de choque elétrico e criados em meio às suas fezes e urina. As imagens também mostram cenas insalubres, de total falta de higiene, flagradas em granjas industriais.
O mini-documentário também chama atenção para o fato de cientistas já fazerem relação do aparecimento de novas doenças com a ingestão de carne e a forma como ela é produzida.
“A pandemia de COVID-19 tornou urgente a discussão sobre o tratamento dispensado aos animais pela indústria da carne. O tratamento dispensado aos animais tem reflexo direto na saúde dos seres humanos”
Taís Toledo, Gerente de Responsabilidade Social Corporativa da Animal Equality Brasil.
De acordo com a ONU, 70% das novas doenças que infectam os seres humanos têm origem animal.
CRUELDADE: o artigo 225, inciso VII, da Constituição brasileira veda práticas que submetam os animais à crueldade. “Nossas equipes de investigação têm constatado que as fazendas industriais não respeitam a Constituição no que diz respeito aos animais. A proteção aos animais domésticos é indiscutível pela opinião pública, mas as pessoas muitas vezes se esquecem de que ela se estende aos porcos, ao gado, aos peixes e às aves criadas para a alimentação humana”, diz Taís. “Vale ressaltar que essas cenas não ocorrem só no Brasil; a Animal Equality é uma organização internacional e tem registrado cenas semelhantes em fazendas industriais mundo afora.”
Desde 2006, investigadores da Animal Equality filmaram dentro de mais de 700 fazendas industriais, granjas e abatedouros em 13 países.
GESTAÇÃO: um dos maiores problemas de bem-estar de suínos é a gestação em gaiolas. Quando entram na idade reprodutiva, as fêmeas são colocadas em gaiolas individuais com severa restrição de mobilidade, onde mal conseguem dar um passo. Passam o dia todo sentadas ou em pé.
Uma opção menos cruel é a gestação coletiva. Nesse caso, as porcas ficam soltas em galpões, o que permite que elas manifestem comportamentos naturais da espécie, se exercitar e interagir socialmente.
Essa prática ainda é rara no Brasil. A União Europeia está na vanguarda dessas mudanças, com uma diretiva (2008/120/CE), que, desde 2013, exige das fazendas industriais o alojamento coletivo. A prática também é comum no Canadá, na Nova Zelândia e em muitos estados americanos.
Lembramos que nenhum dos sistemas existentes é livre de crueldade e que a única forma de deixar de contribuir com isso é optando por uma alimentação livre de produtos de origem animal. Temos esperanças de que nossos esforços levem a mudanças necessárias e impeçam o sofrimento de centenas de milhares de animais todos os anos. Enquanto isso, você pode fazer a diferença para os animais compartilhando nossas investigações e repensando a sua alimentação.