A explosão de crescimento dos frangos
Poucos consumidores sabem que os frangos destinados ao consumo humano não são nada parecidos com os frangos que víamos em sítios e que muitos avós criavam no fundo do quintal. O frango que é morto para gerar carne e ser vendido em mercados, restaurantes e lanchonetes é chamado de frango comercial ou industrial.
Esse frango é uma mistura de cruzamentos de diferentes raças, criando-se assim uma raça que nunca existiu na natureza. Essa nova raça é fruto da manipulação do homem que faz um processo chamado seleção genética. O termo técnico para essa nova raça é linhagem, e as empresas que desenvolvem essas linhagens, guardam secretamente a “fórmula”, não revelando como conseguiram criar essa nova raça.
Em 1950 um frango pesava 900 gramas, já em 2005, após intensa seleção genética, pesquisadores criaram um frango que pode pesar até 4 quilos, isso significa que em poucas décadas as empresas fizeram o frango aumentar 4 vezes o seu tamanho, isso jamais aconteceria naturalmente. Pense em outras aves que você conhece e que vivem livres na natureza, como araras, maritacas, beija-flores, é impossível imaginar elas quadruplicando de tamanho em algumas décadas.
Além das empresas terem criado frangos muito maiores, elas também fizeram eles crescerem de uma forma absurdamente rápida, por isso esses frangos foram apelidados em outros países como frango explosão. O pintinho de 1 dia, com 50 gramas, aos 40 dias pesará aproximadamente 2,5 quilos, ou seja, seu peso aumentará 50 vezes. Segundo pesquisadores da Universidade do Arkansas, esses frangos crescem a uma velocidade equivalente a um bebê humano de dois meses pesando 300 quilos.¹
Um animal crescer de forma tão rápida pode trazer muitos prejuízos para a saúde do animal e até para a saúde dos consumidores. Em relação ao animais, os maiores problemas estão ligados ao fato que o animal se torna tão pesado que os ossos das suas pernas não conseguem suportar seu próprio peso, assim, esses animais têm dificuldades para ficar em pé e andar, pois sentem muita dor nos ossos. Alguns morrem de desidratação e desnutrição porque não conseguem andar até os bebedouros e potes de ração. Seus órgãos também ficam exaustos, porque a seleção genética fez apenas os músculos aumentarem de tamanho e os outros órgãos não aumentaram de forma proporcional para conseguirem manter um corpo tão pesado e musculoso. Dessa forma, os frangos estão sempre cansados e apáticos, não sendo capazes de manifestarem comportamentos naturais da espécie. Eles ficam o dia todo deitados em suas fezes e urina, afinal, o galpão onde eles são criados é um local completamente sujo. Ficar deitado sobre seus dejetos provoca queimaduras dolorosas na pele, que podem se tornar porta de entrada para microrganismos causadores de doenças. Esses animais têm uma saúde muito frágil e só sobrevivem porque recebem muitas vacinas e antibióticos, mas mesmo assim muitos frangos morrem antes de serem enviados para os matadouros.
Um estudo alarmante descobriu que a ocorrência de “listras brancas” e a “carne de espaguete” (anormalidades comuns na carne desses frangos de crescimento rápido) levaram ao aumento dos níveis de carbonilação, o que alguns pesquisadores dizem que poderia desempenhar um papel na progressão de alguns tipos de câncer.2 Como essas anormalidades da carne são um problema relativamente novo, os pesquisadores ainda estão determinando se preocupações com a saúde humana são fundamentadas.
Vários outros estudos científicos mostram que eliminar o consumo de carne e ter uma alimentação baseada em vegetais é muito mais saudável, reduzindo o risco de doenças como diabetes, câncer e doenças cardiovasculares, gerando aumento da expectativa de vida.3
Fontes:
1- Wideman, R.F., Rhoads, D., Erf, G., Anthony, N. Pulmonary arterial hypertension (ascites syndrome) in broilers: A review. Poultry Science. 92(1):64-83. 2013.
2- Aryal B, Rao VA. Specific protein carbonylation in human breast cancer tissue compared to adjacent healthy epithelial tissue. 13(3):e0194164. doi: 10.1371/journal.pone.0194164. eCollection 2018.
3- Springmann, M. et al., 2016. Analysis and valuation of the health and climate change cobenefits of dietary change. PNAS. 4146–4151. 2016.