O calor revela as falhas das fazendas industriais
A Animal Equality é uma organização que trabalha incessantemente para melhorar a vida dos animais criados para alimentação. Desde que a organização foi criada, relatamos, principalmente por meio de nossas investigações secretas, as práticas cruéis adotadas pela indústria de proteína animal. Alertamos governos, empresas e consumidores que a maioria das fazendas industriais não se preocupa com o bem-estar animal, colocando milhões de vidas em estado de sofrimento, dor e angústia. Muitas dessas empresas consideram apenas o lucro e ignoram que animais como galinhas, porcos, peixes e vacas são seres capazes de sentir emoções e dores, assim como nós, seres humanos.
Uma prova da incapacidade das fazendas industriais proporcionarem condições adequadas para os animais veio à tona com as ondas de calor intenso que vêm acontecendo desde o final do ano passado, mesmo antes da chegada do verão.
Imagine a sensação de ter que ficar preso em uma sala lotada no dia mais quente do ano e sem espaço para se movimentar, esbarrando constantemente nas outras pessoas que estão ali com você. O ar, além de quente e abafado, também irrita os seus olhos e as suas narinas, pois o ambiente tem alta concentração de amônia – que é uma substância presente em dejetos de animais. Isso é o que milhões de galinhas poedeiras estão passando neste exato momento. Mas não para por aí. Essas aves são extremamente sensíveis ao calor, muito mais do que seres humanos, portanto, se essa situação é insuportável para nós, para elas isso representa um nível tão crítico que milhões de aves acabam morrendo por causa do calor.
Nesta época do ano, as temperaturas costumam ser muito altas. Para o conforto térmico das aves, os galpões das granjas deveriam ter temperaturas entre 18 a 24 oC e a umidade relativa do ar entre 40 e 60%. Mas os produtores, mesmo sabendo que este período do ano é muito quente a ponto de levar a morte das aves, não se preparam para oferecer um ambiente com temperaturas mais amenas para esses animais. E o mais triste é que todos os anos essa fatalidade se repete.
As necessidades básicas das galinhas são simplesmente ignoradas, gerando graves falhas de bem-estar e sofrimento animal. Assim, podemos afirmar que os atuais sistemas produtivos são incapazes de manter os animais em condições minimamente adequadas.
Fique atento: O calor afeta o sistema cardiorrespiratório, o sistema hormonal e o sistema imune das galinhas, deixando-as mais susceptíveis a doenças. Esse fato é de extrema importância, pois o abate e a venda das carnes e derivados de animais doentes também pode colocar em risco a saúde de toda a população que consome esses produtos.
Sistema em gaiolas e sistemas livres de gaiolas
Diferente dos mamíferos, as galinhas não possuem glândulas sudoríparas, que ajudam o corpo a dissipar o calor. Elas possuem outros mecanismos para se refrescar, entre eles os comportamentos de abrir as asas e tomar banhos de areia. Mas quando estão confinadas dentro de gaiolas isso se torna impossível, agravando ainda mais a sensação de calor e desconforto.
As galinhas em gaiolas dependem do funcionamento dos equipamentos de ventilação das granjas para refrescar o seu corpo. O problema é que muitas granjas não têm esses equipamentos ou eles não funcionam de forma correta.
Vários pesquisadores já mostraram que o alojamento em gaiolas é a pior alternativa para o conforto térmico das aves, pois o número de animais dentro de um mesmo espaço é muito grande e também porque elas não têm a oportunidade de manifestar os comportamentos naturais de sua espécie, o que ajudaria a minimizar este problema.
Além disso, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) já vem alertando para a precariedade dos sistemas de gaiolas “O desconforto térmico em aves de postura também provoca uma série de consequências (…) possibilitando ainda a morte por hipertermia, muito comum nos sistemas brasileiros de produção. Esse conjunto de fatores é justificativo para repensar o sistema convencional (gaiolas) tanto do ponto de vista técnico-econômico, como do ponto de vista do bem-estar das aves.”
Assim, temos mais um motivo para influenciar as empresas a assumir o compromisso de banir ovos de galinhas criadas em gaiolas de sua cadeia de fornecimento. Não é mais justificável as empresas dizerem que o sistema livre de gaiolas não é viável economicamente, pois o próprio MAPA ressalta que é necessário rever este pensamento. Além disso, é importante que as empresas assumam esse tipo de política para demonstrar publicamente que se preocupam com o bem-estar animal e com a saúde do consumidor.
Apesar desses compromissos serem importantíssimos para melhorar a vida de milhões de animais, ressaltamos que a melhor forma de ajudar os animais a não passarem por situações de sofrimento como esta, é retirando-os do seu prato!
A Animal Equality é uma organização internacional que trabalha com a sociedade, governo e empresas para acabar com a crueldade contra animais criados para alimentação.
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