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A crueldade da pecuária de leite evidenciada pelo caso das búfalas de Brotas


Hoje iremos falar sobre mais um caso que chocou o Brasil. Na cidade de Brotas, interior de São Paulo, um fazendeiro abandonou centenas de búfalas para morrer de fome e sede.  O fazendeiro tomou essa decisão porque decidiu largar a atividade de pecuária de leite e arrendou a área de pasto para produtores de soja. Com isso, o fazendeiro prendeu os animais em uma outra área, sem alimento e água, e para impedir a fuga dos animais deixou a cerca elétrica ligada, isso demonstrou o verdadeiro intuito de deixar os animais passando fome e sede. Muitos animais não resistiram e morreram. Apenas em uma vala foram encontrados 22 animais e dezenas de outros estão em decomposição espalhados em um local da fazenda, gerando uma enorme contaminação ambiental, além do claro desrespeito as vidas do animais que tanto sofreram e definharam até seu último suspiro. Os animais que sobreviveram estão muito debilitados. 

Mais de 1200 animais foram abandonados, sendo que aparentemente cerca de 90% das búfalas estão grávidas, ou seja, dentro de algumas semanas esse número irá quase dobrar.  

O fazendeiro foi preso por maus-tratos, mas pagou fiança de 10 mil reais e foi solto. Os animais mais debilitados agora estão em um hospital de campanha, sob os cuidados de voluntários que se revezam dia e noite para cuidar deles, pois ainda correm risco de vida. 

Esse caso expõe uma triste realidade: a indústria de leite e derivados não é inofensiva como muitos pensam. Ela esconde práticas terríveis envolvidas na cadeia de fornecimento dos produtos que chegam à mesa dos consumidores.

Descarte de bezerros machos na pecuária de leite

Na indústria de leite de vaca, de búfala ou até mesmo de cabra, essas fêmeas são expostas a muito sofrimento, pois são constantemente inseminadas artificialmente para que seu leite seja produzido. Elas passam por muitas gestações, mas nunca ficam com seus filhotes. Se os bezerros forem machos, eles são mortos algumas horas ou dias após o parto, porque não possuem valor para a indústria. Uma dissertação de mestrado publicada esse ano mostrou que a maioria dos produtores brasileiros entrevistados sacrifica o bezerro via traumatismo craniano e, para isso, relataram o uso de marreta, enxada, pedaço de madeira ou pedras para atingir a cabeça do bezerro com o intuito de provocar sua morte. O mais alarmante e assustador é que nenhum produtor declarou usar mitigação de dor para evitar o sofrimento do bezerro durante o sacrifício, ou seja, eles são violentamente golpeados na cabeça e estão conscientes de tudo que está acontecendo. A dor e o sofrimento desses animais, que acabaram de nascer, é inimaginável.

Separação precoce de vacas e bezerras

Se a vaca der a luz a uma fêmea, a bezerra não será morta, porque ela será criada para que se torne uma futura produtora de leite. Em condições naturais, uma vaca alimentaria e cuidaria do seu bezerro até por volta de 7 meses. Nas fazendas industriais, poucas horas após o nascimento a bezerra é retirada de sua mãe. Muitos pesquisadores já documentaram que essa separação causa estresse, angústia e sofrimento para a vaca e a bezerra. Após a separação a bezerra passa a ser alimentada em um balde contendo leite de descarte, um leite de qualidade inferior, por exemplo leite que seria descartado por conter antibióticos acima do limite permitido para consumo humano. Geralmente essa bezerra fica isolada em uma em uma espécie de casinha, em um espaço minúsculo, e sem contato com o outros animais. Isso gera muitos distúrbios comportamentais nessas fêmeas que quando adultas, sentirão novamente a dor da separação, mas agora experimentando o sofrimento como mães.

Práticas cruéis da indústria do leite

As fêmeas da indústria do leite também sofrem quando têm seus corpos marcados com ferro quente. As feridas dessas queimaduras podem ficar doloridas por mais de 2 meses. Elas também tem seus chifres arrancados sem uso de medicamento para controle da dor. Ao contrário do que muitos pensam, os chifres não são como nossas unhas. Eles têm inervação e vasos sanguíneos e, dessa forma, quando os chifres são retirados, as bezerras sentem muita dor e se o chifre já estiver grande e for cortado, este é um processo com muito sangramento.

Abate de vacas gestantes

Nem nas suas últimas horas de vida esses animais têm paz. Antes da morte, as vacas passam por intenso sofrimento ao serem transportadas carregando em seus ventres os seus últimos bezerros. A diferença é que agora eles não serão separados após o parto, pois eles irão morrer juntos dentro de um matadouro.

Nossa investigação sobre o abate de vacas gestantes mostrou que desde 2017, quando foi aprovado o novo RIISPOA (Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal), os produtores passaram a não se preocupar com os prejuízos financeiros ao enviar fêmeas gestantes para matadouros, pois a medida retirou a obrigatoriedade de descarte da carne de animais gestantes. Como consequência, o número de animais gestantes abatidos aumentou em mais de 1200%, apenas no Estado do Rio Grande do Sul.  

Estas fêmeas sofrem intensamente durante todo o transporte da fazenda até o frigorífico e, na hora do abate, o bezerro dentro da barriga da vaca morre sem ser insensibilizado, ou seja, ele pode sentir dor no momento da morte. Em junho, a Animal Equality, junto com outras organizações de proteção animal, com especialistas em bem-estar animal e fiscais agropecuários enviou uma carta ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) sugerindo medidas alternativas para reduzir o número de animais gestantes abatidos. Infelizmente, até o presente momento, o MAPA ainda não enviou uma resposta. Como forma de pressionar pela proibição do abate de fêmeas gestantes, estamos com uma petição que conta com quase 35 mil assinaturas até o momento em que escrevo este texto. Se você ainda não assinou, te convido a assinar e a compartilhar com seus amigos e familiares. 

Juntos podemos combater a crueldade contra os animais de produção. E lembre-se: a melhor forma de proteger os animais é os deixando fora do seu prato. 


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